O Papel da Audiodescrição na Acessibilidade

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Homem com deficiência visual usando o laptop e inteligência digital no escritório

Você consegue imaginar uma cena emocionante de filme ou novela em que, num cenário todo especial, os personagens da história trocam olhares, fazem diversas expressões e movimentos, acompanhados por uma trilha sonora extremamente comovente, mas sem nenhum diálogo?

Pois bem, nessa hipotética cena, pessoas com deficiência visual total não têm a menor ideia do que aconteceu. Se não houver alguém que enxergue ao lado delas para narrar o ocorrido, o entendimento dessa cena ficará por conta da imaginação fértil do indivíduo, o que pode resultar em algo bem diferente do que realmente foi apresentado.

Um recurso de tecnologia assistiva que vem em auxílio para resolver esse problema é a audiodescrição, cujo objetivo é traduzir imagens em palavras e proporcionar, assim, uma experiência melhor para milhões de pessoas cegas ou com baixa visão, além de idosos ou pessoas com limitações cognitivas, que também podem se beneficiar com essa narração complementar.

Esse recurso pode ser utilizado no teatro, no cinema, na televisão, em vídeos publicados em redes sociais e em eventos esportivos, casamentos, palestras, festas, etc.

Sua aplicação se dá através da narração de cenários e dos intervalos em que os diálogos ou fatos não transmitem o que está acontecendo, servindo para complementar o entendimento daqueles que não conseguem enxergar a cena. A narração deve ser neutra, sem monotonia, mas também não deve ser interpretada a ponto de ser confundida com os personagens da trama.

Em filmes e vídeos gravados, a narração é inserida entre os diálogos e mixada ao áudio original.

Em transmissões ao vivo com roteiro, ela pode ser aplicada em espetáculos de teatro, apresentações de dança, cerimônias de casamento e outros eventos que tenham seu roteiro desenvolvido e ensaiado antecipadamente.

Já em transmissões ao vivo sem roteiro, a audiodescrição é realizada de improviso, à medida que a atividade acontece, o que exige bastante do audiodescritor narrador, pois ele precisa elaborar a descrição com rapidez e de forma coerente para o entendimento da ação.

Conhecer as regras do jogo é essencial em um evento esportivo, assim como é necessário conhecer os instrumentos em uma apresentação musical.

Em um evento ao vivo, a narração é feita pelo audiodescritor presente no local da apresentação, e a transmissão é acompanhada por meio de aparelhos receptores com fones de ouvido.

Os profissionais de audiodescrição são peças-chave nesse trabalho e podem ser classificados em três perfis distintos:

  1. Roteirista – aquele que assiste antecipadamente ao espetáculo, prepara o roteiro a ser descrito e valida a aderência ao contexto com os envolvidos;
  2. Narrador – realiza as narrações descritas no roteiro ou de improviso em eventos ao vivo;
  3. Consultor – normalmente, quem exerce essa função é uma pessoa com deficiência visual, e ela revisa o roteiro elaborado para se certificar de que as descrições esclarecem as situações de maneira coerente.

Na TV, o recurso da audiodescrição pode ser encontrado nas configurações de áudio, caso o aparelho já tenha esse canal adicional e o programa também ofereça o recurso.

Para os consumidores de streaming, se o filme ou série disponibilizar o recurso, essa opção pode ser encontrada nas configurações de idiomas.

Dado o imenso volume de conteúdo ainda não provido dessa opção, podemos dizer que a audiodescrição ainda está engatinhando, e o caminho a ser percorrido é longo, mas já começou a ser trilhado, mostrando aos fornecedores que quanto mais recursos de acessibilidade eles oferecerem, maior será o público que poderá desfrutar de seus produtos, afinal de contas, somos todos consumidores.

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Ícone de acessibilidade em meio a um ambiente tecnológico
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